sexta-feira, fevereiro 25, 2005

O Livro de Cesário Verde

O Livro de Cesario VerdeJosé Joaquim Cesário Verde (1855-1886). - O LIVRO de Cesário Verde 1873-1886. - Lisboa: Typographia Elzeviriana, 1887. - XX-104-[4] pp., 1 ret.: il.

“Uma das personalidades mais originais, mais renovadoras da poesia portuguesa do séc. XIX.”

Jacinto do Prado Coelho, Dicionário de Literatura Portuguesa, p. 1139
Oriundo de uma família burguesa abastada, Cesário Verde ocupava o seu tempo pelas duas actividades familiares – a agricultura e o comércio – dedicando apenas uma parte dele às letras. Chegou a frequentar o Curso Superior de Letras não o concluindo. Em 1873 publica a sua primeira composição no Diário de Notícias, fazendo um interregno na publicação de 1880 a 1884, época em que aparece o poema “Nós”, escrito em1881 ou 1882, revelando já uma enorme maturidade literária. É o real que interessa a Cesário Verde - “a mim o que me rodeia é o que me preocupa” escreve a Silva Pinto – carregando a sua poesia de um amor do real, do que observa à sua volta, do que lhe transmitem os sentidos, sendo esta a característica mais original dos seus textos. “A sua poesia é a dum artista plástico, enamorado do concreto, que deambula pela cidade ou pelo campo e descreve de modo vivo, exacto, as suas experiências” (J.Prado Coelho, Dicionário de Literatura Portuguesa, p. 1140). É tido pelos ensaístas que se têm ocupado da sua obra como o percursor de dois heterónimos de Pessoa – Álvaro de Campos, o poeta citadino, e Alberto Caeiro, o camponês – na dupla dimensão urbana e camponesa sem ser bucólica patente nas suas poesias.
O único livro publicado é O Livro de Cesário Verde organizado pelo seu amigo Silva Pinto. Ao contrário do que o organizador afirma, parece que a organização da obra não obedeceu a nenhum outro critério que não o seu, e não a um plano deixado por Cesário Verde e que o seu irmão, Jorge Verde, terá facultado a Silva Pinto.
Publicado em 1887, em Lisboa, e impresso pela Typographia Elzeviriana, o único livro de Cesário Verde, teve apenas uma tiragem de 200 exemplares numerados ilustrada com um retrato executado por Columbano. É obra raríssima e bastante procurada pelos coleccionadores de Literatura Portuguesa contemporânea.
O último exemplar vendido em Leilão foi em Junho de 2004, na II Parte da Biblioteca de António de Oliveira Neves organizado pela casa SILVA'S Leiloeiros, que atingiu o valor de 4.700€. Estava um bonito exemplar, protegido por uma caixa e com uma dedicatória do irmão do poeta Jorge Verde. Exemplares sem capas de brochura não chegarão aos 500€, se possuírem assinaturas de posse entre os 1.500€ e os 2.000€, bons exemplares sem dedicatória, entre 3.500€ e 4.000€.

Nuno Gonçalves @ 6:35 da tarde